quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Voar - VI - As Árvores

As árvores, como me apercebo,
São os seres mais tristes que conheço.
Vivem todos os dias, durante anos
Para fazer os outros respirar,
Sem ninguém que lhes agradeça.
Vivem para fazer viver,
Presas no seu lugar.
É graças a elas que tudo corre:
Por causa delas os pássaros voam,
Sem elas, tudo morre.
Mas o Sol, do alto,
Inpropositadamente,
Aquece desejando o bem;
E quando aquece demais,
Não só sufoca os animais,
Mas aquece as árvores também;
E enquanto elas ardem,
Os animais fogem,
Os pássaros voam,
Mas elas não podem.
Sonham fugir,
Sonham correr...
Mas paralizam
Para os outros poderem viver;
E sem ninguém sequer parar,
Sem ninguém lhes agradecer,
Aguardam sem nada fazer:
Sobre elas não têem poder.
A morte injusta as assala,
E elas apenas a podem
Receber.